Estudo publicado revela que dor crônica em crianças é subestimada devido ao mito da ‘dor do crescimento’. Ministério da Saúde recomenda protocolo de tratamento.
De acordo com uma pesquisa recente publicada no Brazilian Journal of Physical Therapy, aproximadamente 27% das crianças e adolescentes no Brasil lidam com dores em ossos, ligamentos e músculos, conhecidas como dor musculoesquelética. Essa condição pode impactar significativamente a qualidade de vida dos jovens, interferindo em suas atividades diárias e desempenho escolar.
A dor musculoesquelética é um problema que merece atenção, podendo afetar pessoas de todas as idades. É importante buscar orientação médica para identificar a causa dessas dores e iniciar um tratamento adequado o mais rápido possível, visando aliviar o desconforto e prevenir complicações futuras. Se você ou alguém que você conhece está sofrendo com dor musculoesquelética, não hesite em procurar ajuda profissional.
Estudo Publicado: Pesquisa revela a prevalência da dor musculoesquelética em crianças e adolescentes
Além de contribuir para desmistificar o problema, que, segundo os autores, é frequentemente subestimado por pais e profissionais da saúde, conhecer sua extensão permite planejar melhor os gastos com dor crônica em adultos, considerada a principal causa de incapacidade em todo o mundo. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que mais de 35% dos brasileiros com mais de 50 anos sofram de dor crônica.
Histórico de Dor: Um fator de risco bem estabelecido para a dor musculoesquelética
No ano passado, inclusive, foi sancionada a lei 14.705/23, que determina as diretrizes para o atendimento desses pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Embora grande parte dos fatores de risco para a condição sejam pouco conhecidos, um dos mais bem estabelecidos é o histórico de dor prévia – com relatos na literatura científica sobre seu aparecimento na adolescência. A chamada dor musculoesquelética, que atinge ossos, ligamentos e músculos, é comum entre crianças e adolescentes.
Dor Musculoesquelética: Resultados da pesquisa coordenada por Tiê Parma Yamato
Ainda assim, ao redor do mundo, há poucos estudos sobre a prevalência de dor musculoesquelética entre jovens, com dados incertos, variando de 4% a 40%, porque não utilizam conceitos padronizados. Na pesquisa coordenada por Yamato, que recebeu financiamento da Fapesp por meio de três projetos, 2.688 crianças e adolescentes com idade média de 12 anos, provenientes de 28 escolas públicas e privadas dos Estados do Ceará (cidade de Fortaleza) e de São Paulo (cidades de Itu, Salto, São Sebastião e São Paulo), responderam a um questionário com perguntas sobre a ocorrência de dor no corpo capaz de causar impacto em sua vida cotidiana, como faltar na escola e/ou impedir a realização de atividades do dia a dia e/ou esportivas. Entre esses jovens, 728 (27,1%) relataram ter sentido dor musculoesquelética incapacitante nos 30 dias anteriores.
Protocolo de Tratamento: Abordagens para a dor musculoesquelética em crianças e adolescentes
As costas foram a parte do corpo mais citada, por 51,8% dos entrevistados, seguida pelas pernas (41,9%) e pelo pescoço (20,7%). ‘Ao mesmo tempo que trazem um alerta para essa condição de saúde nas crianças e adolescentes, que no momento não conta com um protocolo de tratamento específico no sistema de saúde, esses números já nos estimulam a olhar para o futuro: precisaremos cuidar da população jovem também se quisermos diminuir a dor crônica nos adultos.’ O trabalho trouxe ainda outros dados importantes sobre as características das crianças que mais sentiam dor: eram mais velhas (final da adolescência), mantinham pior relacionamento com a família, apresentavam mais sintomas negativos psicossomáticos, tinham menos qualidade de vida (também avaliada por questionários) e pareciam gastar mais tempo assistindo televisão e jogando videogame.
Queixas das Crianças: Percepção dos pais sobre a dor musculoesquelética
Um dos fatores que podem explicar essa atitude e também camuflar, de certa forma, a dor musculoesquelética é a crença na popular ‘dor do crescimento’, que se refere a um possível incômodo das crianças nos membros, especialmente inferiores. ‘Crescemos com esse conceito, mas, hoje, na literatura científica, não há nenhum estudo que consiga provar que o crescimento cause de fato dor.’ De acordo com a pesquisadora, se o seu filho relatar dor, é importante ter a consciência de que ela pode trazer impactos, mas que também há formas de abordá-la – a maior parte das medidas é baseada em atividade física. ‘Não há motivo para preocupação excessiva, mas é importante conhecer a condição, validar o sintoma e possivelmente buscar ajuda para aqueles que têm suas vidas impactadas pela condição.
Lembrando sempre que se trata de um problema comum.’ Um estudo seguinte conduzido pelo mesmo grupo, cujos resultados devem ser divulgados em breve, acompanhou essas crianças por um ano e meio para entender a duração da dor e também seu impacto financeiro no sistema de saúde.
Fonte: @ Estadão
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